sábado, 19 de junho de 2010

Levantado do Chão

Neste dia, o mundo irá despedir-se de José Saramago.
Lembro aqui o livro que me iniciou na leitura do escritor Prémio Nobel: Levantado do Chão.
Talvez o ser transtagano me tenha levado a fazer dessa obra o livro de estreia. E já que não há amor como o primeiro, continua sendo o meu preferido entre todas as obras de Saramago.
Alentejano, reconheci em João Mau-Tempo, a sina do camponês, trabalhador de uma terra que o latifúndio impede que lhe possa chamar "sua". Cristão, não consegui deixar de identificar na via-sacra de Germano Vidigal a Via-Crucis do próprio Nazareno. Essa imagem de Cristo, que toma o rosto do torturado, foi determinante na minha militância missionária. Para alguns, talvez seja irónico que a leitura de um ateu tenha contribuido para esse reconhecimento. Para mim, não! Tenho consciência de que é, também, nas provocações dos desassossegados que redescubro a inquietação do Cristo que Liberta...
E sei que não sou o único a beber desse manancial de inconformismo que é o "Levantado do Chão". Lembro, a propósito, Chico Buarque e Mílton Nascimento que, inspirados nesta obra, escreveram uma das mais belas e sentidas músicas de apoio aos Sem-Terra, de título homónimo.

Deixo a sugestão de Leitura e, na sequência, também um link para um texto breve, mas lúcido, da autoria de Leonardo Boff. Vale a pena ler: www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100619/not_imp569005,0.php

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