segunda-feira, 21 de abril de 2008

Alentejanidade(s)

A Alentejanidade é a característica de se ser/sentir Alentejano. Mas Alentejanidade rima com Imensidade... por isso, Alentejanidade pode (e deve) ser entendida no Plural.

Alentejano sou, por nascimento, porém a Alentejanidade encontrei-a em muitos lugares do mundo: na Planície Alentejana, dos barros de Beja aos de Nisa, da raia extremeña até às margens do Vale do Guadiana - o grande rio do Sul; nos sertões e cerrados nordestinos, banhados pelo Rio Parnaíba - o Velho Monge; até mesmo na insularidade do Maio, a ilha esquecida de Cabo Verde...

E, claro, a Alentejanidade reconhecia-a em tantos utópicos, resistentes e sonhadores que a imaginação me permite juntar: os que seguiram, conscientes, o Mestre do Amor - Pedro Casaldáliga, Leonardo Boff, Oscar Romero, João XXIII, Simone Weil, Helder Câmara, Paulo Arns e, na radicalidade, Camilo Torres; os transtaganos Manuel da Fonseca, Catarina Eufémia e Salgueiro Maia; e outros na Pátria Grande - lugar do Outro Mundo Possível, que vão de Maria de Lourdes Pintasilgo a Kónis Santana e Alípio de Freitas, passando por Ghandi, Mandela, Zeca Afonso, João do Vale, Chico Mendes, Paulo Freire, Jorge Sampaio, Manuel Lopes, Allende, Bandeira Tribuzi, Maria Aragão, Manuel Serra, Carlos Brito, Frei Betto, Frère Roger ou Chico Whitaker...

Alentejanidade(s) transforma(m) o mundo, como aconteceu quando o povo tomou em suas mãos o seu destino: no Monte da Comuna, do alentejano Vale de Santiago, na Madrugada de Abril, da Revolução dos Cravos, no inconformismo nordestino do Negro Cosme na Balaiada do Maranhão, na Revolta de Mandu Ladino do Piauí, nas Madres de la Plaza de Mayo, na Revolta de Chiapas, ou nos gritos reprimidos dos católicos no Domingo Sangrento (Irlanda), dos saharauis em Tifariti (Sahara Ocidental), do povo Maubere no Cemitério de Santa Cruz (Timor-Leste) ou dos Sem-Terra em Eldorado dos Carajás (Brasil)....

... e tantos outros gritos silenciados que, finalmente, se tornaram mais audíveis quando tantas vozes se juntaram, em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial!

A tudo isto, em Liberdade, cada um poderá dar-lhe o nome que quiser.

Por mim, prefiro chamar-lhe Expressões de Alentejanidade(s).