domingo, 25 de abril de 2010

O "Cheiro Verde" no Vermelho dos Cravos

Hoje, pela primeira vez em muitos anos, saí à rua, em pleno 25 de Abril, sem um cravo vermelho na lapela. Na verdade, estou descontente com o rumo da Revolução, principalmente nos últimos 25 anos. Tenho pena que se tenham perdido muitas conquistas. É o desencanto por tudo o que Abril abriu e os homens, em especial os políticos da "situação", fecharam.
Porém, só não usei um cravo vermelho hoje, simplesmente, porque já não estou no meu Alentejo e acho que as pessoas aqui pela diáspora já não distribuem cravos vermelhos na rua. Circunstâncias da vida...
Mas hoje queria deixar uma explicação em relação ao "cheiroverde" que figura no endereço deste blog.
Cheiro verde é o nome que se dá, no Nordeste Brasileiro (o meu Alentejo do outro lado do mar), aos coentros. No sul do Brasil, a definição é diferente, mas o certo é que a culinária nordestina é abençoada com a utilização dos coentros. Ora, os alentejanos sabemos como os coentros são importantes na gastronomia transtagana.
Transpondo esse cheiro verde para outras dimensões, assim fui definido num recente quiz político: verde, ecologista. Permito-me lembrar a maior referência do movimento ecologista europeu, Petra Kelly, para clarificar a ideia de "verde": "ser terno e, ao mesmo tempo subversivo: isso é o que significa para mim, a nível político, ser verde e agir como tal". Além do mais, como diz Leonardo Boff "a opção pelos mais pobres é uma questão de ecologia". Assim mesmo, considero que não estou muito distante dessas duas definições, por isso a minha atitude na vida tem sempre um cheirinho a "verde".
Voltando ao 25 de Abril... não tive o meu cravo vermelho para usar ao peito, resta-me a esperança de que, pelo menos na sopinha da noite, haja algum aroma a coentros*.
* esp. cilantro; ing. coriander